Iguatu

Beber daquela água

e mais que beber, nascer

em água boa. Depois,

sair para não padecer.

Entre lagoas e rios

infância vivida

os primeiros amigos

alegria construída!

Rever, décadas depois

o que és tu:

rio, roça, cidade

água boa, Iguatu.

Rio Jaguaribe

roças do Quixoá

Vila Barro-Alto

sempre a me marcar

Tenho a certeza

das marcas que deixou

e do quanto te devo

para ser quem sou.

Madrugada de 23/08/13

Música

Uma, duas, três quatro andorinhas

desenham nos fios notas musicais

melodias de pousos, revoadas.

VIII

Atirou-se à morte

como quem busca a vida!

XVII

Não importa

se daqui

ou de lá

quero médicos

para me medicar.

seja de Marte

ou Ubatuba

de Vênus

ou de Cuba

médicas, médicos

para, dos pobres

cuidar.

VII

Era uma vez um mundo
que não acabou
o povo se espantou!

Nem caça, nem caçador

Cansei de ser caça.

Afinal, qual é a graça?

Também não quero ser caçador

Para ter que, a muitos, causar dor.

Já pensou que bom seria

Um mundo de iguais, de alegria!

Sem importar a cor da pele

Homem, mulher, idade...

Ter o que se necessita

Não temer a maldade

A magia de viver

Em harmonia, com igualdade.

Entenda

Quis te fazer
um poema de amor
queria revelar
meu coração em flor.

Olhei pela janela
tremi
com o que vi:
muita mazela
não pude evitar
o nosso amor
ficou um pouco menor
ante tanta coisa
por solucionar.

Querida, entenda
o mundo é mais
que eu e você
uma vida de felicidade
só em um mundo
para todos, pleno e fecundo.

Meu Ceará

Eh! meu Ceará
sertão brasileiro
morena cheirosa
povo altaneiro
de fala gostosa!

Viva a mulher rendeira
e o nosso jangadeiro
praias, de pura beleza
com sol o ano inteiro!

Tem gente que luta,
Tem Dragão do Mar
Tem o Conselheiro
Tem o Patativa
e o boiadeiro.

Lá tem também alegria
Tem muito arrasta-pé
Forró, baião e xaxado
Lá, carinho é cafuné!

A cerca

A cerca elétrica
separa o homem do homem
e cria o medo.
A cerca já não é suficiente
é necessário cães
e mais homens
para separar
o homem do homem.

Em breve será necessário
blindar paredes
criar campos de concentração
para apartar homens
destas bestas-feras
chamadas de pobres.

Momento poético

Se eu fosse poeta
escreveria sobre aquele dia
de sol e brisa
ao meio dia
quando aquela senhora
sorrindo, me pedia:
"Moço, escreve aí:
Meu amor
como eu te queria
se soubesses quanto
não me sangraria."
E agradecendo
se ia...

Quem dera ser poeta
para fazer desse momento
poesia.

VI

Poder Mercantil
Pode Medrar
Pestífero Medo
Pode Matar
P       M

V

Distração voluntária?
Que importa
todos os caminhos
me levam à tua porta.

A voz da rua

Uma voz de raiva tomou as ruas
A voz burguesa pede calma,
bom senso:
sejamos democráticos
vote a cada dois anos.
Democracia capitalista!

Acusam a voz-raiva de vândala.
Vandalismo é a exploração de homens, mulheres, crianças
desde as acumulações mais primitivas desse sistema.
Vandalismo é o assalto diário dos bancos
é o serviço precário dos planos de saúde
é o latifúndio, o remédio que não cura
de uma indústria farmaceutíca espúria.
agrobusiness
showbusiness
fébusiness!

Âncoras televisivas
servidores do capital
aos berros ideológicos
afirmam que a coisa vai mal.
Querem transformar em massa
trabalhadores, uma classe social.
Não é imprensa
é um grupo empresarial
querem saber de lucro.
Não é o que quer o capital?

Voz enraivecida, grite
esperneie, alardeie
não se intimide, regurgite
Vá às ruas
não tema nada
só não se esqueça
que a revolução
não será televisionada.

Adailtom Alves Teixeira
15/08/13

Desabafo

Não sei atuar
                    mas atuo.
Não sei tocar
                    mas toco
                                 e até componho.
Não sei escrever
                    mas escrevo.

Não sei
só sei que faço
não disfarço.

31/07/13