procuro aquele menino
que atravessava o rio seco
quando havia água no rio
via a mãe lavar roupas à beira
hoje, areias na memória
a imagem no espelho
cacos de um destino
vida que erra
que quer o erro
como subir em mangueiras alheias
pular de árvores em águas escuras
descobrir outros mundos
para não cair nessa realidade
de grãos que desintegram
Publicação de contos, crônicas, poesias e artigos escritos por Adailtom Alves Teixeira (em artes Adailtom Alves). Outras redes: https://linktr.ee/adailtom.alves
Pesquisar este blog
quarta-feira, janeiro 27, 2016
terça-feira, janeiro 26, 2016
divisar meu eu
estou desideologizado
(ou renascido)
algo assim, meio pós-pós
o que muda é a alegria
não quero interpretar o mundo
o mundo que me interprete
mudá-lo? loucura!
bebi, cheirei do velho e do novo ismo
estou em estado de ideologia pura!
(ou renascido)
algo assim, meio pós-pós
o que muda é a alegria
não quero interpretar o mundo
o mundo que me interprete
mudá-lo? loucura!
bebi, cheirei do velho e do novo ismo
estou em estado de ideologia pura!
sábado, janeiro 23, 2016
A estranha
Toca a campainha, Ele
abre.
ELA (com uma mala; beijando-lhe
a face) – Oi, tudo bem? Bom, cheguei (entra)
ELE – Acho que errou de casa.
ELA – Não, é aqui mesmo.
ELE – Eu a conheço de onde?
ELA – Não me conhece, mas isso é um detalhe. Tempo meu
querido, o tempo nos fará bem...
ELE – Tempo?
ELA – Você tem dois quartos?
ELE – Não.
ELA – Cama de casal?
ELE – Sim.
ELA – Hum!
ELE (para o público) –
Foi assim que ela chegou e foi ficando...
ELA (para o público) –
O tempo foi passando... ele foi se acostumando a ela.
Os dois sentam no sofá.
ELA – Vamos ao cinema hoje?
ELE – Quanto tempo está aqui?
ELA – Não sei, faz diferença?
ELE (para o público) –
Nunca nos tocamos, sabe?...
ELA (para o público) – Tocar... imagino seu corpo...
ELA – Vamos ou não?
ELE – Sim, vamos. (Para
si) Acho que sempre faço o que ela quer...
ELA – O que vamos ver?
ELE – Um filme de aventura ou comédia romântica.
ELA – Não, vamos ver Almodóvar. Vamos?
ELE – Vamos. (Ela sai.)
Depois do cinema ela voltou em completo silêncio. Tentei puxar conversas e
o máximo que conseguia era um resmungo. Ela já estava comigo a dois anos. Depois daquele dia, ela se foi. A casa ficou mais vazia...
não sei de onde era... às vezes, no sofá, encostávamos os braços... sua pele
era tão macia... não sei se conseguirei viver nessa casa sem ela!
Blackout.
Assinar:
Postagens (Atom)