A pequena dançava distraída em plena praça pública. Pernas e braços miúdos desenhando o imenso espaço. A roupa suja e rasgada, tornava os movimentos ainda mais esvoaçantes.
Ali perto, alguém observava a graciosidade e a alegria daqueles movimentos. O homem riu encantado. Afrouxou a gravata e certa ingenuidade, certa infantilidade lhe veio à memória, talvez ecos da infância.
A menina, ao perceber seu encanto, foi mais próxima e girou, arrancando-lhe um riso escancarado. Ela estende a mão e pede uma recompensa em dinheiro. O homem estranhou, recolheu o sorriso, mas acedeu. Ela recolheu o dinheiro e saiu girando.
A mãe, que observava à distância, aquiesce com um gesto de cabeça a atitude da pequena.
A selva tem feras de muitos tamanhos, algumas inofensivas e frágeis, justamente por isso precisam de muita esperteza para sobreviverem.