Pesquisar este blog

quinta-feira, julho 04, 2024

Além do brejo

Era uma vez, num brejo verdejante e cheio de vida, um sapo chamado Telmo. Telmo não era um sapo comum. Desde pequeno, ele tinha uma curiosidade insaciável que o diferenciava dos outros sapos do brejo. Enquanto seus irmãos e irmãs se contentavam em saltitar entre as folhas e nadar nos charcos, Telmo sempre olhava além, para a borda do brejo, imaginando o que poderia haver do outro lado.

Sua mãe, uma sapa sábia e prudente, sempre o advertia: "Telmo, meu filho, o brejo é nosso lar. Fora daqui há perigos que você não conhece. Aqui estamos seguros." Mas Telmo não se conformava. Ele sonhava com vastos campos, florestas densas e criaturas misteriosas que só existiam em suas imaginações.

Os anos passaram e Telmo cresceu. Sua curiosidade, em vez de diminuir, apenas aumentava. Quando atingiu a juventude, decidiu que era hora de descobrir o que havia além do brejo. Numa noite silenciosa, enquanto todos dormiam, ele se despediu silenciosamente de sua família e partiu em sua grande aventura.

Telmo saltou por campos de flores, atravessou riachos e escalou colinas. Viu coisas que jamais imaginara: borboletas coloridas, riachos cristalinos e árvores tão altas que pareciam tocar o céu. Encontrou outros animais e aprendeu com eles sobre o mundo além do brejo. Cada nova descoberta enchendo seu coração de alegria e fascínio.

Após muitas aventuras e aprendizados, Telmo sentiu uma saudade imensa de casa. Ele sabia que precisava retornar ao brejo e compartilhar tudo o que havia descoberto. Imaginava a felicidade de sua mãe ao ouvir suas histórias e a excitação de seus irmãos ao aprender sobre o mundo além do brejo.

Quando finalmente voltou, o brejo parecia exatamente o mesmo, mas Telmo havia mudado. Ele correu para encontrar sua família e amigos, ansioso para contar tudo o que havia visto. "Mãe, irmãos, vocês não acreditariam nas coisas incríveis que existem além do brejo!", exclamou ele, com os olhos brilhando de emoção.

Mas, para sua surpresa, sua família não reagiu como ele esperava. Sua mãe o olhou com preocupação e seus irmãos riram, achando que Telmo estava inventando histórias. "Telmo, você está delirando", disse sua mãe. "Você deve ter comido algum inseto estranho que te fez ver coisas. O brejo é tudo o que existe e sempre será."

Telmo tentou argumentar, contar sobre as borboletas e as árvores gigantes, mas ninguém acreditava nele. Os outros sapos começaram a evitá-lo, cochichando que ele havia perdido a sanidade. Telmo, agora sozinho e incompreendido, percebeu que, embora tivesse encontrado a verdade sobre o mundo além do brejo, sua família e amigos preferiam a segurança do conhecido à incerteza do desconhecido.

Assim, Telmo viveu o resto de seus dias no brejo, carregando consigo o conhecimento do vasto mundo além. Ele continuava a observar a borda do brejo, esperando que um dia, algum outro sapo curioso decidisse seguir seus passos e descobrir as maravilhas que ele havia visto. E talvez, apenas talvez, aquele sapo conseguiria convencer os outros de que havia vida além do brejo.