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sexta-feira, janeiro 31, 2014

poemento

se poesia é momento
e a memória seletiva
o que lembro: selemento
                                      poetiva
                                                 poemento

quinta-feira, janeiro 30, 2014

Música II

Quando me toca, fico por horas
a ouvir a mesma música
para que atravesse minha pele
                                             sinta meu gosto
enquanto bebo sua melodia
                                             e torne a encontrar
sentido na repetição do dia a dia.

Negra Pietá

acontece todos os dias
nas distantes periferias

fruto, não do escultor e sua grandeza
mas sim, como resultado da pobreza

filhos magros nos braços
apoiados em seus regaços

mães negras, em profundo choro
gritam suas dores, em coro

não querem mais mortes seletivas
por justiça, lutam, são combativas

não querem mais
serem negras pietás

segunda-feira, janeiro 27, 2014

Teatro

do bode que berra
a caminho da morte
(sacrifício)
nasce o ofício
ritual que renasce
relação em ato
teatro

domingo, janeiro 26, 2014

Fria esperança

Viadutos saltam sobre os barracos
Carros mais bem cuidados que crianças
Em um tempo de fria esperança...
Vida que caminha aos solavancos.

A esperança que venceu o medo
Tornou-se, ela própria, atropelo
Fruto de acordos e conchavo
União de classes, falso enredo

De um tempo difícil, obscuro,
Em que a vida importa pouco
O que vale mais é o grande lucro.

Tempo de ajuda aos grandes bancos
Queimar índios, expulsar  mendigos
Derrubar barracos dos barrancos.

04/11/13

sábado, janeiro 25, 2014

Jornadas

Jornadas de junho
lá no século dezenove
e no vinte e um
primaveras dos povos...
a árabe, irmã comum.
Todas, disputa renhida,
lógica de uma luta
ainda não vencida.

sexta-feira, janeiro 24, 2014

quinta-feira, janeiro 23, 2014

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Popular 5

Cadê a favela que tava aqui?
O governo removeu.
E a outra que estava ali?
A especulação queimou.

No jogo de gato e rato
o rato venceu
O rico a(s)cendeu
e o pobre desceu.

domingo, janeiro 12, 2014

Natalina III

O natal é tão deprimente
corrida às lojas, comprar, comprar
solidariedade fingida
que logo mais vai acabar.

Contra tudo isso
para não se pensar
o negócio é beber
beber até se acabar.

Dizem também
que tempos atrás
nasceu um homem
inimigo de satanás

mas se ele voltar
será perseguido
pois o que importa
é a festa, o alarido.

Fica, por todos sabido
o que importa é gastar
beber até cair. No ano,
continuar a trabalhar

ser, todo dia, explorado
esquecer solidariedade
continuar sem mudanças
viver a arbitrariedade.

23/12/13

O dia

Segunda-feira, Zé levanta no horário habitual, como morava perto do trabalho e o patrão tinha confiança nele, era sempre o primeiro a chegar. Mas naquele dia ficou preocupado, pois o ônibus não passou, estranhamente, não havia ninguém nos pontos, como os demais dias.
Então, seguiu a pé até o trabalho. Se apressasse o passo talvez chegaria na hora. Foi o que fez. De fato, foi o primeiro a chegar. Mas deu o horário e nenhum de seus colegas apareceu. Zé pensou que pudesse ser por conta do transporte, se não tinha para ele, provavelmente não tinha para os demais. Mas e quem tinha condução própria? Por que não chegou no horário? Congestionamento? "O patrão vai ficar fulo, ainda bem que ele só chega bem tarde, apenas para conferir os trabalhos".
Duas horas depois, ninguém chegara, nem mesmo o patrão. "Que estranho"! Ele continuou a trabalhar para deixar tudo pronto para quando ele chegasse, passaria um relatório dos encaminhamentos. Resolveu ligar para os colegas de trabalho, mas ninguém atendeu ao celular.
Hora do almoço e ninguém ainda. Resolveu sair para o almoço. Afinal estava com fome e quem sabe conversaria com as pessoas e se informaria, pois justamente naquele dia, a internet não estava funcionando direito.
Encontrou algumas pessoas no trajeto até o restaurante. Ninguém conhecido, mas todos lhe cumprimentavam com um sorriso nos lábios. Chegou ao pequeno restaurante onde sempre almoçava. Era simples, porém barato e quando não tinha dinheiro, fazia fiado. O dono lhe sorriu feliz, perguntou se queria o de sempre. Respondeu que sim. No entanto, Zé estranhou, pois não havia correria, pressa. Tudo bem, o restaurante tinha menos pessoas. Realmente aquele era um dia diferente.
Quando a comida chegou perguntou a seu Manoel o que estava acontecendo: "muitas coisas sem funcionar e não havia correria ou caos nas ruas, certa tranquilidade pairava no ar". Mas ninguém foi até o trabalho. “Sabe de alguma coisa?”
 Manuel, o Mané, como era conhecido, respondeu que quem era empregado de alguém resolveu não ir trabalhar naquele dia.
- Ninguém?
- Ninguém. Em nenhuma empresa. Se você foi, deve ter sido o único. Mané saiu rindo
Almoçou calado. Pagou e voltou ao escritório. Trabalhou até o horário de sempre. Ainda tentou falar com o patrão, mas não conseguiu. As comunicações também não funcionaram bem. Depois do trabalho, voltou caminhando até sua casa. As pessoas que encontrou ao cruzar na rua, todas com ar de alegria, uma felicidade inundava o ar. Ao chegar a sua casa, tomou um banho, comeu algo e dormiu. No dia seguinte não acordou no horário de sempre. Resolveu que também não iria trabalhar naquele dia.


03/08/2013

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Cambiar siempre

Toda hora é hora
todo dia, esperança
transformar a vida
criar a mudança.

Todo santo dia
ser sempre fecundo
não se contentar
transformar o mundo!

Sempre se refundar
sorriso na frente
com profundo pensar
e ação permanente

para modificar
o mundo imundo
inundo meu cantar
de amor profundo!

29/12/13