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quarta-feira, abril 30, 2014

terça-feira, abril 29, 2014

sábado, abril 26, 2014

Tempo

naquele outubro primaveril
corri para pegar o sol
veio a noite de meus dias

o tempo logo escorregou
minhas calças encurtaram
minha juventude levou

sexta-feira, abril 25, 2014

Cena

o menino saca a arma
puxa o gatilho
(apito de trem ao longe)
em preto e branco
sorrir para a mãe
a bala (em cores)
sai lentamente
ainda vemos o rosto da vítima
(close)
espanto
não há final feliz
não há final feliz
o giroflex, a sirene
a cidade vista do alto
música triste
não há final feliz
não há final feliz

quinta-feira, abril 24, 2014

Sexta-feira

Para Selma
Aquela sexta-feira
era apenas um jantar
fui encontrar-me

Aquela sexta-feira
você a cozinhar
fui pra não voltar

Aquela sexta-feira
nós dois a conversar
noite adentro amar, amar...

Tenho aquela sexta-feira
em teus olhos a brilhar
no teu sorriso ao acordar.

quarta-feira, abril 23, 2014

terça-feira, abril 22, 2014

4

no oco imundo
do escuro profundo
meu mundo
                  é
                  silêncio
                  de moribundo

segunda-feira, abril 21, 2014

sábado, abril 19, 2014

História popular

Onde está a Margarida?
Depois que atirou o pau no gato
pegou o trem de ferro
chupando um pirolito
dançou a ciranda
na capelinha de melão
com cinco escravos de Jó.
Foi pescar o peixe vivo
mas a canoa virou...
Foi socorrida pela Sinhá Marreca
e pelo sapo Jururu.
Já salva, juntou o seu pezinho
ao lado de Teresinha de Jesus
e orou para São João da-ra-rão!

sexta-feira, abril 18, 2014

quinta-feira, abril 17, 2014

quarta-feira, abril 16, 2014

Cadeia alimentar

A criança
(em seu instinto?)
sobre a cadeia alimentar:
se a lagartixa come a borboleta
o bicho homem tem de matá-la.
Dialogo:
no meio silvestre é natural
mas o humano pode optar.

quarta-feira, abril 09, 2014

Diante da morte

Tinha 17 anos e um mundo em suas costas. Trabalhava em um escritório para pagar as contas. Morava sozinho em um cubículo. Buscando melhoras em sua vida, estudava. Vez ou outra se divertia.
Migrante, vivia distante dos pais já fazia alguns anos. Nunca conseguira retornar a seu torrão.
Certo dia, no escritório, toca o telefone, seu chefe informa que é de sua cidade natal, alguém queria lhe falar. Na sala, muitos olhos e ouvidos atentos. Na sua imensa timidez atende e ouve o recado do outro lado: sua mãe falecera. Em fala monossilábica, agradece à pessoa do outro lado por ter ligado.
Interrogações nos olhares dos colegas de trabalho pedem informações:
-- Minha mãe morreu!
Milhares de quilômetros os separavam. Pediu licença e foi ao banheiro. Choro, cheiro de merda e mijo e a falta de sentido da vida. Passado alguns minutos, lavou o rosto e retornou a seus afazeres.
A partir daquele dia, sempre se emudece diante da morte.