Pesquisar este blog

sábado, novembro 12, 2022

Anjo da morte

O anjo ceifador está sempre a espreita e atento, como um bom cumpridor de seus deveres, atuando em parceria, para que a morte nunca falhe. O caso que ora discorro, eu deveria cumprir o papel de parceiro da senhora da foice.

Estava eu a descomer, como faz todo ser que come, quando uma barata entrou no recinto. Arrumei-me no trono em que estava sentado e peguei o chinelo. Com arma em punho, observei a direção, o trajeto percorrido pelo inseto onívoro. O bicho correu serelepe à minha direção, pode-se dizer, mesmo, que estava feliz, numa clara intenção do destino, que a levaria à morte.

Direto em minha e direção. O chinelo voou: pá! Errei, pois a vida muitas vezes tenta contrariar o destino, buscando alternativas pelas durezas apresentadas. Ela correu como um atacante que acabara de driblar o zagueiro e se depara com o gol à sua frente. Saiu pela porta, enquanto eu ficava preso a meu trono. 

Mas o anjo da morte é atento, é moleque travesso. No exato momento da escapada do inseto pela porta, entrou no banheiro a minha companheira, que nem percebeu o assassinato que havia cometido, ao pisar distraída na barata. Estava lá o corpo inerte e estatelado no chão, provando que todo ser está predestinado à morte.

Nenhum comentário: