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segunda-feira, setembro 30, 2013

XXXIV

Da margem a outra
Marginal
Juazeiro Petrolina
Genial
São Francisco ao meio
Beleza natural.

sexta-feira, setembro 27, 2013

quarta-feira, setembro 25, 2013

Vida errante

Ontem, à beira do São Francisco
hoje, ao pé da serra
amanhã, sabe-se lá o que me espera.

Porto Velho, Rio Madeira
usina, que tranqueira
viajar, aprender sem dá bobeira.

terça-feira, setembro 24, 2013

segunda-feira, setembro 23, 2013

XXVII

Incapaz de um gesto delicado
olhar desconfiado, porém, terno.
Desejo de falar aos borbotões
mas a palavra, quando vem
mo-nos-si-lá-bi-ca...
Delicadeza bruta
como flor de macambira!

domingo, setembro 22, 2013

XXVI

Juazeiro
À sombra da árvore que te dá nome
Penso em teu filho ilustre
João Gilberto
E, hoje, desperto
Peço: silêncio!
Canta João.

sábado, setembro 21, 2013

XXV

Distante de terras paulistanas
com as bênçãos do Velho Chico
que desde as Gerais viaja
delicado e aventureiro
Juazeiro se desmancha em garoa
lembro do outro Juazeiro
aos pés do Padre Cícero
sol e mais sol...

Nesse instante, Estados se fundem
se transmutam em minha alma de viajante brasileiro.

sexta-feira, setembro 20, 2013

quinta-feira, setembro 19, 2013

XXIII

Livros são bons companheiros.
Só não são melhores
que as pessoas que falam certo
o português errado do Brasil.
Estas, reinventam o mundo com palavras.

XXII

Já não se faz mais soneto
Não há amor para cantar?
No máximo um quarteto
Para as dores revelar.

Vinícius, já não o temos
Nem a garota que passa
Sigamos e assim tentemos
Nessa vida, achar graça.

A graça imensa do amor
Ou a paixão intensa
Que nos causa tanta dor.

Quero a menina que dança
Pra fazer cantos de louvor
E voltar a ter esperança.


23/06/13

quarta-feira, setembro 18, 2013

Classes em luta

Uma cria, produz
outra retém.
Um dia, quem sabe,
todos terão
e as classes
não mais existirão
quando vier a revolução.

XIX

Um caderno de notas
É preciso ter
Para anotar o que não se nota.

XVIII

São tantos poetas
Meu Deus!
A genialidade dos Andrades
Modernidade liricoantropofágica.
Do Nordeste, tantos:
Bandeira, Castro Alves
O João, a nos matar de paixão
Com sua morte Severina
E o cantor do sertão
O popular Patativa.
São tantos poetas
Meu Deus!
O Bashô de Curitiba...
O japonês das Oliveiras
Akira Yamasaki
Outro, doce como o nome:
Ray Lima.
São tantos poetas
Adoçando a nossa língua!

terça-feira, setembro 17, 2013

Clichê 2

Ao pé daquele coreto
Na cidade de Paraty
Pensei em fazer, pra ti
Um poema, um soneto.

Mas o que devo escrever?
Tantas coisas para dizer...
Ainda assim eu tento
Que o mesmo saia a contento.

Teu olhar sempre a me flechar
Teus cabelos soltos no ar
Tua pele fina e tão lisa,

Sorriso de Monalisa
De sereia, tens o canto
Tudo em você é encanto.

Chuva

Vem para molhar, para lavar
Tudo que está escondido
E não se pode revelar...

Chuva, chova por toda cidade
Releve, se apiede, leve o que se pede.
E quando o sol tornar a brilhar
Que não haja mais iniquidade.

segunda-feira, setembro 16, 2013

Violência


O jovem realizou o assalto
e atirou na cara do homem rico.
Por que tanta violência?
Indaga-se, com toda sapiência
a imprensa, o analista, o político...

Ninguém pergunta sobre a violência que se sofre dia-a-dia
Desde a gestação sem pai (este também abandonado),
Da falta de acompanhamento médico na gravidez,
Da falta de creches, para que o menino seja cuidado,
Da falta de boa escola, onde se possa aprender com avidez,
Da falta de perspectiva, de trabalho digno,
Da falta de transporte público para todos,
Da falta de moradia, de um lar benigno,
Da falta do Estado para ofertar e não oprimir.

O homem rico é símbolo de uma elite perversa
que suga tudo que se produz de riquezas materiais e imateriais.
É ele que cruza os céus em jatos velozes quando quer passear mundo afora
enquanto berra que “sua” doméstica agora quer alforria.
É ele que, com ideias geniais,
aos cofres públicos, vai à forra
enquanto “seu” dinheiro está seguro em paraísos fiscais.
Homem rico, ícone de nossa elite.

A elite deve ser torturada, apedrejada,
devemos pisar em sua cabeça,
dar-lhes choque no ânus, para que não esqueça
o que financiaram em passado recente.
Vamos arrancar-lhes as unas com alicate,
cortar seus seios, arrancar-lhes a semente.

A minha violência simbólica
(por falta de coragem de praticá-la realmente)
é apenas um sintoma do que sofro,
da violência diária e demente
da elite e de seu braço armado:
o Estado.


16/09/13

sábado, setembro 14, 2013

O menino que brinca com as nuvens


Pedro é um menino de muita imaginação, 
dispensa todos os seus brinquedos 
para brincar de inventar histórias com as nuvens.
Ele olha para o céu e logo vê um enorme dragão.
Ao longe, avista um guerreiro em seu alazão.
O dragão até se desmancha de tanto medo!

Em outra nuvem, surge, como encanto, um lindo castelo. 
O guerreiro segue em sua direção. 
Será que ele vai salvar a princesa?
Como magia, o guerreiro desaparece, virou farelo!

Pedro vê um urso, um cachorro e um gato, todos juntos e felizes!
– Como é bom brincar com nuvem.
Pedro gosta de brincar, dá asas à sua imaginação
com as nuvens as histórias não precisam ter começo, meio e fim... 
vão surgindo, se entrelaçando... até desaparecerem, enfim.

Só tem uma coisa que Pedro gosta mais 
do que criar histórias com as nuvens:
É brincar com seus amigos! 
Pois no seu faz-de-conta
pode representar todas as histórias 
que imaginou e outras que ainda nem criou.


XIII

Ilusão de ótica:
de um ponto em movimento
o mundo estático.

Visão caótica:
o mundo gira, avança
persistem os dogmáticos.

sexta-feira, setembro 13, 2013

Clichê

Lá vem, lá vem ela
em seu vestido vermelho
cortando o ar como navalha
levando meus joelhos ao chão.

Seu sorriso abre-alas
Presente em qualquer estação
Acompanha seu passo na avenida
E deixa bobo o meu coração.

Seu cheiro doce, suave
Inebria minhas narinas
Entorpeço, fico mole, cego
Não vejo outras pequenas.

Você passou, passou por aqui
Nem sabe de minha existência
Amanhã tornarei a voltar
Embebedar-me em tua essência!

Tempo

vida que passa, passa...
todo dia se procura
felicidade que não se acha.

Karina e o gato


Com um barulho diferente
Karina acordou naquele dia.
Apurou seu ouvido firmemente:
- Um filhote de gato mia.

Acordou pai e acordou mãe:
- Tem um gato lá fora a miar.
Seu pai se levantou e procurou.
Procurou e nada de encontrar.

O miado persistia
Todos procuravam
Com certa agonia
o bichano se escondia.

Da garagem, vinha o miado
Correram para lá
E tornaram a procurar.
- Pai, mãe, que engraçado,
Acho que está dentro do carro!
- Mas como ele entrou?
Perguntou a mãe de Karina.
Abriram todas as portas,
Mas ninguém o encontrou.

Naquele momento, o gatinho,
Talvez por cansaço, de miar, parou.
Mas o pai, muito encucado
Abriu logo o capô
Para olhar no motor.
Para surpresa geral,
O gatinho encontrou.

Estava muito assustado
Pois alguém o abandonou.
Como puderam fazer isso
Com aquele pobre coitado?
Era só um filhotinho,
Todo cinza e bonitinho.

Cuidaram logo do bichano,
Deram carinho e comida
E olharam com todo cuidado
Se não havia nenhuma ferida.

Alguns dias se passaram
E o bichano correndo a vontade
Karina e seus pais lhe adotaram
Agora tinha um nome: Bondade.

Karina lhe deu muito carinho
Bondade encontrou um lar.
Ambos vivem felizes
Naquele ninho familiar!

quarta-feira, setembro 11, 2013

Amor

Roma, amor, romã, ramo, o mar...

um ramo de amor

imperioso para meu viver 
um adocicado sabor de romã 
o mar ao entardecer 
amor

Atitude suspeita


Cansado da viagem que fizera, ele deitou, em plena tarde. Pouco depois, foi arrancado da cama por um vozerio de pessoas ao lado de sua casa: choro de mulher, gritos de homens. Sem ser notado, olhou pela fresta da janela. Viu uma mulher magra, usando um vestido com alguns detalhes que pareciam flores. Parecia religiosa. Ela praguejava contra um homem negro, forte e com alguns machucados na fronte. Em volta do homem negro, outros o empurravam. Um policial tentava segurar o tumulto.
Ele ficou preocupado e resolveu sair. Percebeu que o tumulto parecia adentrar sua casa. Sua casa ficava em meio a duas ruas. Uma das quais, dava acesso a entrada de sua casa, a outra era vista pela janela, uma descida. Essa rua era na parte baixa. A casa tinha dois níveis e era possível acessar as duas ruas; na parte alta tinha uma pequena laje e servia para guardar suas tranqueiras. 
Ele subiu por dentro de sua casa e chegou a parte alta sem ser percebido. Quis acompanhar sem ser visto. Viu que estavam em sua laje, mas devido ao tumulto, poderia ter feito confusão, pois a laje de seu vizinho ficava no mesmo nível. Como ficou em um lugar escondido, não via muito bem as pessoas, mas era claro que eram as mesmas. De repente, um movimento de uma pá no ar e que acerta alguém. Silêncio. Seu coração gela. Pára. Entra na casa. Todos ali, ou quase todos, achavam que ele ainda estava viajando, pois voltou de ônibus. A esposa ficou com o carro.
Ele, conhecido por seus vizinhos como uma pessoa que se preocupa com o bem-estar social, que luta por mudanças nessa sociedade violenta e desigual. Agora, aquela violência, na sua frente e na sua casa. Pensou que não poderia ser nada também, afinal havia um policial junto, não havia? Ou ele não estava mais lá?
A parada de ônibus ficava ali perto, no mesmo lugar tinha um posto policial. Correu até lá. Foi primeiro no posto policial e perguntou sobre uma mulher, magra e que talvez tenha sido atacada ou roubada. O policial respondeu que já estava resolvido. Ele perguntou por ela. O policial afirmou que a mesma já estava de partida e apontou o ônibus, já fechando a porta. Ele correu mais rápido. Bateu na porta, pediu para que o motorista abrisse a porta. O motorista abriu, ele agradeceu e viu lá no fundo a mulher indo sentar. Perguntou se ela estava bem. A mulher, com o cabelo todo bagunçado - "da luta com o homem?" – respondeu com um tímido sorriso que estava tudo bem.
Ele quase sorriu. Deu às costas, agradeceu ao motorista e sorriu. Olhou o posto policial e tudo parecia normal, mas não reconheceu entre aquelas pessoas o homem que parecia segurar o tumulto. Ele continuava angustiado, pois nada lhe parecia normal: um homem poderia ter morrido! Tornou a olhar em volta. Tudo dentro da normalidade. Menos dentro de si.
Resolveu voltar para casa pela rua de cima, ir até a esquina e entrar pela rua de baixo. O seu vizinho com outro homem fazia algum trabalho no pequeno jardim. Cumprimentou-os e resolveu perguntar sobre o tumulto. O vizinho respondeu: “Agora já está tudo certo”. Procurou ver o que ambos faziam. Havia pequenos pedaços de carne sobre uma madeira revestida com papel alumínio. Em cima da carne, folhas de algumas plantas do jardim: "temperos?" Tudo indicava a preparação de um churrasco. O vizinho sorriu e disse: “quando cada um faz sua parte, tudo fica bem”! Ele não conseguiu sorrir de volta, fez um meneio com a cabeça e desceu a rua em direção à sua casa.
Entrou em casa, completamente sem ação, sem saber o que fazer e exausto. Parecia ter passado por uma batalha. Foi na laje onde pensou ter visto a pá em um movimento que acertara alguém. Subiu cada degrau sem vontade de chegar. Questionava-se: "e se de fato aconteceu?" A laje tem paredes em volta e alguns materiais encostados nas paredes, como telhas, ferros, e outras coisas, por isso mesmo é possível ficar lá sem que as pessoas em volta vejam que há gente ali.
Chegou à laje. No chão, uma grande mancha de sangue. Então era verdade... entrou em desespero, pensou, pensou, pensou muito. Caminha de um lado para o outro, subia e descia a escada. Quem deveria procurar? Todos à sua volta parecia saber e nada fizeram. Eram todos cúmplices? E se começassem a lhe perseguir?
Parou e pensou novamente. Depois de muito pensar, afirmou para si: "o que pode um homem contra uma comunidade?" Pegou a mangueira e foi lavar a sujeira.

06/01/12

terça-feira, setembro 10, 2013

XII

O inanimado objeto
ganha vida:
fetiche.

O operário na coisa
não se percebe:
fetiche.

E assim, feiticeiramente se vive!

XI

Dei para escrever poesia
Por esses dias
Dei para escrever poesia.

Uma vontade louca
De dizer o que não dizia
Dei para escrever poesia.


21/08/13

Sonho de poeta

Ter o ritmo de João
a simplicidade de Bandeira
e escrever como os três Andrades.

segunda-feira, setembro 09, 2013

XX

Ai que bom é não fazer nada
Até que venha a vontade de descansar
Para depois, de tanto cansar
Tornamo-nos a deitar
Até que venha aquele desejo infindo
De ficarmos sorrindo
Sentados, a contemplar
E dizer macunaimicamente:
Ai que preguiça!
Acho que vou descansar.

domingo, setembro 08, 2013

quarta-feira, setembro 04, 2013

Infância

O grande rio seco
Ainda assim, nadar, pescar nos poços
O intenso sol nas quatro estações
As brincadeiras no frescor da noite
Minha primeira paixão
O beijo melado
A descoberta da leitura
Um livro roubado
A dureza da roça
E a doçura de colher o plantado.

domingo, setembro 01, 2013

Velho Chico

Velho Chico,
de uma margem a outra
quantos peixes cruzaram teu leito
quantos corpos carregastes
ao manter-se calmo, perfeito?

Velho Chico,
quanto levas de lamento
quanto de tua ausência
causa tormento
em teu correr de ambivalência?

Momento

Na flor da idade
15 anos. Bem vividos?
Observa os turistas
sobretudo, a turista
brinca, rodeia...
escolhe pedras
esconde o sorriso careado
e presenteia com o que tem de melhor:
pedras colhidas à beira do São Francisco!

31/08/13 - Juazeiro