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domingo, fevereiro 17, 2019

Vale a carne

                                                                Os conservadores podem dormir tranquilos: enquanto existir o carnaval,
                                                                               não haverá nenhuma revolução social no Brasil.
                                                                               Mário Vargas Llosa - Dicionário Amoroso da América Latina

Tudo lhe pareceria insuportável. A vida não fazia sentido. Como chegamos a isso, se perguntava. Seus pensamentos borbulhavam. Muitas eram as questões. Por tudo lhe parecer horrível, conversava apenas consigo mesmo. A cabeça não parava e o próprio pensar tonava-se angustiante e seu ser intragável. É certo que não era boa companhia nem mesmo para si, que dirá para outras pessoas. Como será que estão lhe vendo nesse momento? Havia percebido que alguns vinham se afastando dele nos últimos dias.

Somos seres destrutivos, dizia para si. E procurava em suas atitudes quais eram esses processos que estavam aniquilando a si próprio, levando-o a uma autosabotagem. Estaria afastando as pessoas de propósito? Não tinha nada contra os seus. Não era as pessoas e sim seu país e o mundo como estava. Será que não viam o quadro à sua frente, a realidade que estamos vivendo?

Seu país tão lindo e tão rico e com tanta miséria. Contradições aos baldes. E por que a população não se revolta? Por que acreditam em lideranças que só lhes prejudicam ainda mais? Por que tanta violência? As perguntas não paravam, sua cabeça girava enquanto seu corpo permanecia imóvel no sofá.

Mas era carnaval. Carnaval. A maior festa popular. Respirou fundo. Vestiu a máscara e foi pra rua celebrar o corpo. Deixou no sofá sua cabeça com seus pensamentos, a festa é do corpo. O corpo vibrou e gritou de alegria! 


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