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domingo, setembro 25, 2022

as cores e os dias

como quem não sabe

do trabalho por trás

e por dentro das coisas

desejo que o cinza domingo se prolongue

nesse teu permitido lazer

ali, diante da tv


o corpo, mal descansado

reinicia em frenética repetição

na verde segunda...

o desejo do novo se esconde

nos gestos iguais

de frios bons dias


a laranja terça

já pede o fim da jornada

que ainda tardará

tudo é sabor de pão amanhecido

ainda mais para os envelhecidos


o roxo da quarta

é o meio de tristezas-esperanças

para uns, o começo do fim

uns para e veem o fim do começo

travessia estreita, enfim


quinta é rósea

com jardim pouco florido

mas o cultivo é a esperança do fruto

e toda estreita ponte

sempre leva ao outro lado


e como quem tem certeza que a mão produz

chega-se a sexta vermelha

sonhando com vida melhor

que virá quando todas e todos souberem

que a mão que escreve poesia

é a mesma que faz o pão

e pode arrancar a alegria


alegria que pode seguir por todos os dias

por ora, apenas no tom esmaecido de todo sábado

que logo pode vir a ser

cinza domingo

ou se transmutar em carnaval infindo

em que todos os dias

podem vir a ser arco-íris

e todas as cores que se queira


27/03/2022

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