como quem não sabe
do trabalho por trás
e por dentro das coisas
desejo que o cinza domingo se prolongue
nesse teu permitido lazer
ali, diante da tv
o corpo, mal descansado
reinicia em frenética repetição
na verde segunda...
o desejo do novo se esconde
nos gestos iguais
de frios bons dias
a laranja terça
já pede o fim da jornada
que ainda tardará
tudo é sabor de pão amanhecido
ainda mais para os envelhecidos
o roxo da quarta
é o meio de tristezas-esperanças
para uns, o começo do fim
uns para e veem o fim do começo
travessia estreita, enfim
quinta é rósea
com jardim pouco florido
mas o cultivo é a esperança do fruto
e toda estreita ponte
sempre leva ao outro lado
e como quem tem certeza que a mão produz
chega-se a sexta vermelha
sonhando com vida melhor
que virá quando todas e todos souberem
que a mão que escreve poesia
é a mesma que faz o pão
e pode arrancar a alegria
alegria que pode seguir por todos os dias
por ora, apenas no tom esmaecido de todo sábado
que logo pode vir a ser
cinza domingo
ou se transmutar em carnaval infindo
em que todos os dias
podem vir a ser arco-íris
e todas as cores que se queira
27/03/2022
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