Era uma vez, no reino de Asteria, um garoto chamado Domus. Desde cedo, ele conheceu a frieza do mundo, pois sua infância foi marcada pela ausência de amor. Seus pais, ambos guerreiros destemidos, estavam sempre ausentes, lutando batalhas distantes e buscando glórias que jamais pareceriam tocar o coração de Domus.
Sem
carinho e orientação, Domus cresceu isolado, encontrando consolo apenas na
natureza ao seu redor. No bosque atrás de sua casa, havia uma árvore majestosa
que ele chamava de Velha Sábia. Era uma figueira robusta com galhos que se
estendiam como braços acolhedores, oferecendo sombra fresca e um refúgio
seguro. Naqueles dias solitários, Domus passava horas brincando à sua sombra,
escalando seus ramos e construindo uma pequena casa de madeira em seu tronco.
Lá, ele se sentia compreendido e protegido, como se a árvore fosse sua
verdadeira família.
Com o
tempo, a vida o afastou de sua infância e das poucas alegrias que conhecera. Os
anos passaram e o coração de Domus endureceu. Ele se tornou um homem amargo,
carregando um ódio profundo por tudo e todos. Seu olhar era uma chama de fúria
contida, e muitos diziam que, ao se sentir afrontado, seus olhos pareciam
incendiar de ódio. Sua raiva se transformou em uma arma poderosa, que ele usava
para se vingar daqueles que cruzavam seu caminho.
Em uma
noite tempestuosa, enquanto o trovão ecoava pelas montanhas e a chuva caía
pesadamente, Domus foi atraído por uma força invisível de volta ao bosque de
sua infância. Seus pés, guiados por uma memória distante, o levaram até a Velha
Sábia. Ao vê-la novamente, mesmo desgastada pelo tempo, ainda se erguendo
imponente contra a fúria da tempestade, algo dentro dele começou a se quebrar.
Ele
caminhou lentamente até a árvore e colocou a mão em seu tronco áspero.
Instantaneamente, uma onda de lembranças o inundou. Viu-se novamente menino,
rindo e brincando, sem as preocupações que agora pesavam sobre seus ombros.
Sentiu a alegria pura e o amor silencioso que a Velha Sábia lhe oferecera.
Domus
caiu de joelhos, as lágrimas se misturando com a chuva em seu rosto. A árvore
parecia sussurrar segredos antigos, curando as feridas profundas de seu
coração. Sentado ali, sob a copa acolhedora da Velha Sábia, ele permitiu que o
ódio fosse lavado de sua alma. Aos poucos, a fúria em seus olhos se dissipou,
substituída por uma serenidade que ele há muito desconhecia.
A
transformação de Domus foi profunda e verdadeira. Ele passou a cuidar da Velha
Sábia, protegendo-a dos perigos da floresta e restaurando sua antiga casa na
árvore. Tornou-se um guardião da natureza, encontrando propósito em proteger e
preservar a beleza ao seu redor.
O
reino de Asteria viu uma mudança notável em Domus. De um homem temido e odiado,
ele se tornou um símbolo de redenção e esperança. Seu olhar, outrora flamejante
de ódio, agora brilhava com um amor tranquilo e profundo. E assim, a Velha
Sábia não só salvou Domus de sua própria escuridão, mas também trouxe luz e paz
para toda a terra de Asteria.
E
assim termina a história de Domus, o homem que encontrou a redenção e o amor
sob os galhos acolhedores da Velha Sábia. Uma prova de que, mesmo nos corações
mais endurecidos, a semente do amor pode florescer novamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário